PROJECT # 2024

Português / Read in English Below

  CAPÍTULO UM
  A INOCÊNCIA INCITA A DOR

A vida se fazia lei e a vida era a lei, ventos incertos sopravam longe, tempos e recomeços estavam se abrindo, a inspiração superior libertava caminhos, como algo sem fim e eterno. Uma luz azul iluminava os mais altos vales, raios retumbavam nos abismos mais profundos, e uma essência só ela ecoava forte como milhares de trovões, perfurando tudo e todos.
Havia um entendimento elevado, como águas agitadas numa tempestade, profundas como o infinito. Sinais, haviam sido deixados, mas o controle desaparecia de tal maneira que ninguém podia ver, a energia criadora, fonte de toda vida sempre recriava novas fontes de vida.
Longe disso algo procedia em anos celestes…
Da energia criadora, o primeiro medo de Gloriam fazia terras tremerem, estrelas caiam como flechas do céu, redemoinhos sobre o mar agitavam as águas, o ar mais puro buscava passar pelos pulmões de Gloriam.
Amanheceu em seu primeiro dia de vida, o sol foi encoberto, trovões no escuro, sua carne se fez em forma adulta em pouco tempo. Nenhum sinal de vida era encontrado em seu globo.
Gloriam expandia sua visão incessavelmente contemplando a pureza das águas cristalinas, terra e vegetações. Seu primeiro toque aos elementos naturais fez seus sentidos se abrirem discernindo as leis da natureza.
Perguntas como “quem sou eu?”, ecoavam em sua mente, mas somente o vazio respondia com o nada. Gloriam passou a entender formas de se conectar com a natureza e com o tempo, sua visão agora era como de muitas águias transcendendo o visível, o lado bom previa eventos futuros.
Os mistérios mais profundos já pulsavam em seu coração, a negatividade fazia suas lágrimas correrem como pedras preciosas de seus olhos, que ao tocarem o solo, faziam flores desabrocharem.
Seu planeta permanecia vazio.
Em uma caminhada matinal sobre as montanhas sentiu a delicadeza da chuva junto ao sol fazer nascer arco-íris, revelando sinais de possíveis portais, acessíveis mentalmente. Assim começava sua jornada, dia após dia, sua mente flutuava em busca de vida.
Magia se fazia como o ar inspirado de forma pensativa, não havia memória, mas seus sentimentos fluíam junto a natureza. Nesta noite meditações na escuridão já conseguiam abrir portais, e na manhã seguinte buscou por vidas, mas em sua busca apenas animais eram encontrados, sua razão se fazia vazia como seu sentido na vida.
O tempo escorria pelas suas mãos como vastas águas de cachoeiras, os sinais eram nebulosos. Anos se passavam, e a calmaria era tingida de melancolia, enquanto seus pensamentos se amadureciam, novos portais iam se abrindo. Gloriam devia ter o pé no chão e não ousar atravessar nenhum portal sem entender claramente o que poderia surgir com eles.
Chamas internas o consumia, mas havia esperança em encontrar novas formas de vida, e essa era sua alegria. Seus pensamentos rápidos como a luz se voltavam para novos caminhos, e formas de comunicação.
Aprimorando cada vez mais seus dons, chuvas de portais jaziam em sua mente, ventos de novos caminhos surgiam a cada dia. Entendendo que o menos era mais esvaziou sua mente por dias, depois meses, a beira de anos no silêncio da paz.
Até que sua chave mental calculou um portal, já passava a sentir vida, o tempo não o afetava mais, seu corpo mutava como pensamento verdadeiro. Sinais nebulosos passavam em sua mente, assolando seu ser, ecos permeavam o vazio, ressoando em seus ouvidos que algo ruim iria acontecer. Mas apenas o vazio era entendido, com seu silêncio impenetrável.
Dentro dele, uma inocência intacta ainda não havia sido afetada pela dor e pela desilusão. Os dias se passavam lentos perante seus olhos, seus sentimentos era como uma casa sitiada por tempestades, ou gelo sob fúria de uma nevasca.
Sua jornada esvaziando a mente o levou a uma expansão, abrindo as comportas para um dilúvio de novos horizontes. O valor acumulado de seu esforço brilhava como ouro e pedras preciosas, era como o preço de um tesouro inestimável, como tocar na joia mais rara. Sua passagem para novas realidades estava assegurada, ele já começava a ver os caminhos.
Milênios pareciam ter se passado, e sua alma, ainda jovem, começava a experimentar um alívio.
Um som oculto percorreu sua audição e o tirou a paz, desde que ouviu um lampejar de seres superiores. Sua mente não saia do mesmo lugar, calculando um portal que o fizesse se aproximar.
Desconhecendo que a inocência incitava a dor, tentou contato telepaticamente, lampejou forte e um portal se abriu perante seus olhos, do redemoinho de fogo o clã dos leões surgiram diante dele… Seres de grande estatura o encararam com sorrisos enigmáticos. Gloriam sentiu uma conexão profunda ao qual entendeu perfeitamente o que se passava, suas emoções se transformaram em lágrimas, foi interrompido pelo líder Anunak:
— Você se rende?
Gloriam sabia que a rendição significava submissão eterna e resistiu. Levaram-no ao cume de um templo no planeta Roar, onde foi oferecido como sacrifício. Confinado dentro de uma estátua de leão dourada, ele se viu privado de seus poderes, incapaz de abrir portais. O fogo foi aceso, e por dois dias, a fornalha o consumiu.
Após ser retirado, o líder novamente o questionou: — Você aceita me servir?
Gloriam era duro como rocha que não se abala, e não se rendeu. O inevitável ocorreu: ele foi reconduzido à estátua dourada, desta vez permanecendo ali por trinta dias.
Durante esses dias algo queimava com ele, e não sentia mais tanta dor quantos nos primeiros dias, havia um contato superior o conduzindo e tentando o libertar.
Após esse período, foi transportado por um portal a uma altitude inimaginável, para um lugar onde ninguém jamais esteve. A liberdade o surpreendeu, longe de qualquer perigo estava.
Com o coração agora tomado por raiva, ele compreendia o porquê da crueldade, assimilando as duras realidades da vida. À medida que a noite caía e os raios retumbavam no céu, refletia sua dor interna, e a chuva trazia um vislumbre de paz, agora sabia que devia agir no silêncio.
Se embrenhou em pensamentos: “Minhas suplicas viraram ar, consumida e longe, desci até o abismo mais profundo, dando o melhor, e lá jazia o tesouro. A lei vivida estava, respondendo sussurros. A hora estava além, flechas inflamadas foram jogadas e eu caí, meu tesouro estava guardado, no bem já posso ouvir, e também ser ouvido.”
O amanhecer encobriu a Terra Média, incomparável, sentiu que o presente real ligava aos sonhos a se realizar. O lugar unia todas as terras e tempos como mágica. A Natureza florescia mais exuberante a cada dia, o sol se espalhava como flechas de luz, se lançava cobrindo as arvores, as enriquecendo com mais energia e poder. A visão na Terra Média era mais clara e brilhante, o ar inspirado aprimorava os dons com sabedoria e conhecimento.
Glóriam se tornou o primeiro habitante do lugar. O sol brilhando intensamente, invocava a promessa de vida nova. As paisagens deslumbrantes o chamavam pelo nome de Despedida, Farewell, que carregava tanto a magia do lugar quanto o destino que All ainda estava por cumprir.
“Que lugar é esse onde todos os tempos estão entrelaçados, eu posso ir a qualquer lugar, e em qualquer tempo…”, pensava ele.
Mensagens ocultas fluíam em sua mente, revelando verdades antes veladas. A magia agora trabalhava a seu favor, começava e ter visões reais, via portais se abrindo, que prometiam a união de todos mundos e vidas futuras que iriam morar naquele lugar, em breve.
No meio desse tempo imemorial, persistia o mistério do Um Anel – uma relíquia envolta de mistérios e significados. Sua origem era duvidosa, e seu verdadeiro propósito convergiam para uma única verdade: o sentido da joia era abrigar uma aliança futura, o tempo iria reiniciar na Terra Média, e aquele que conseguisse unificar tudo, ter sob seu controle todas as formas de vida poderia usar o Um Anel sem ser amaldiçoado, esse teste iria ser concedido, para discernir quem mereceria essa insígnia máxima.
Pistas já haviam sido deixadas, indicando caminhos. Farewell passou dias estudando, entendia as leis do lugar, sabia que a ânsia insaciável usada pela grande maioria poderia o impedir de conquistar o que queria, entendia claramente que para ser mais, precisava, na verdade, ser menos.
Provou na carne, entendendo que muitos escreviam sobre linhas enviesadas, se beneficiando dessas distorções, no entanto, a verdadeira maestria residia em semear e traçar com retidão sobre linhas íntegras.
O vento cantava fazendo as águas se agitarem, o som era como muitas flautas em harmonia, imperceptível. O som ecoava aos ouvidos de Farewell revelando formas da natureza de se comunicar, seus momentos de sofrimento estavam sendo jogados no esquecimento, já começava a entender melhor o sentido da vida.
A neblina cobria os vales, o ar era puro inspirava novas colheitas, o mago estudava as combinações de Terra Média, as cores, o silêncio, a paz. Todos seus pensamentos estavam voltados para o que seria dali em diante.
Sua alma tocava o além, mas inevitável iria acontecer, já entendia as leis que eram mais que saber e fazer, era como bater contra o muro, como uma essência de luz tocando o escuro, o vazio. Onde nada podia conter o que haveria de vir, os caminhos futuros eram jogados como uma tempestade fazendo transbordar as águas.
O tempo se passava e o mago pronto para o que iria vir se calou, esvaziando toda sua mente por dias. A visão nos vê, sente de longe nosso caminhar, buscar a verdade sem servir é como flechas jogadas no escuro, o sofrer foi visto, em cada causa, em cada razão. Meus sentidos ouvem, rasteiro como águas que deságuam no oceano, a prova está de pé como leis que permeiam a natureza, o presente é tudo que tenho, pensava o mago.
Até que os portais se abriram, na Terra Média agora havia a união de todas as terras formando um único mapa. Farewell só queria o um anel e se retirou, pois sabia que a Terra Média seria palco de grandes guerras e disputas.
Ventos do futuro tocavam o corpo do mago, energias antes ocultas balançavam suas emoções, a fé de grandes caminhos chegavam belas como músicas. Uma certeza vinha em sua mente, preciso trabalhar!

                                                                     …  CONTINUA …

*** English ***   

    CHAPTER ONE

    INNOCENCE INCITES PAIN

Life was becoming law, uncertain winds blew afar, times were unfolding, inspiration freeing new paths, like something endless and eternal. A light illuminated the highest valleys, rays resounded in the deepest abysses, and a singular essence echoed strong as thousands of thunderbolts, piercing parts of the skies.

There was a heightened understanding, like waters stirred by magic, deep as the infinite. Signs had always been left, but their control vanished in such a way that nothing could be seen, knowing that the creative energy, source of all life, never ceased to create. Elohim now spoke: “the poor may live much, but the rightness of little is much, and that is like the law, right at the right times.”

Far from this, something proceeded in celestial years…

From the creative energy, Gloriam’s first fear made lands tremble, stars fell like arrows from the sky, whirlwinds over the sea stirred the waters, the purest air sought passage through Gloriam’s lungs. It dawned on his first day of life, the sun was obscured, thunder in the dark, his flesh formed into adulthood in no time. No signs of life were found on his globe. Gloriam expanded his vision incessantly, contemplating the purity of crystalline waters, earth, and vegetation. His first touch to natural elements opened his senses discerning the laws of nature.

Questions like “who am I?” echoed in his mind, but only emptiness responded with nothing. Gloriam began to understand ways to connect with nature and over time, his vision was now like that of many eagles transcending the visible; the good side was predicting future events.

Mysteries pulsated in his heart, negativity made his tears flow like precious stones from his eyes, which touching the ground, made flowers blossom. His planet remained empty. On a morning walk in the mountains, he felt the delicacy of rain with the sun to give rise to rainbows, revealing signs of possible portals, accessible mentally. Thus began his journey, day after day, his mind floated in search of life. Magic was like the air inspired thoughtfully; there was no memory, but his feelings flowed with nature.

On this night, meditations in the darkness could already open portals, and the next morning sought lives, but in his search, only animals were found, his reason made empty as his sense in life. Time flowed through his hands like vast waterfall waters; the signs were nebulous. Years passed, and the calmness was tinged with melancholy, as his thoughts matured, new portals opened. Gloriam must have his feet on the ground and not dare to cross any portals without clearly understanding what might emerge with them.

Internal flames consumed him, but there was hope in finding new forms of life, and that was his joy. His thoughts as quick as light turned to new paths and forms of communication. Enhancing his gifts more and more, rains of portals lay in his mind; winds of new paths emerged every day. Understanding that less was more, he emptied his mind for days, then months, on the verge of years in the silence of peace.

Until his mental key calculated a portal; he already began to feel life, time no longer affected him; his body mutated like true magic. Nebulous signs passed through his mind, assailing his being, echoes permeated the emptiness, resonating in his ears that something bad would happen. But only the void was understood, with its impenetrable silence.

Within him, an intact innocence had not yet been affected by pain and disillusionment. Days passed slowly before his eyes; his feelings were like a house besieged by storms, or ice under the fury of a blizzard. His journey of emptying the mind led him to an expansion, opening the floodgates to a deluge of new horizons. The accumulated value of his effort shone like gold and precious stones; it was like the price of an invaluable treasure, like touching the rarest jewel. His passage to new realities was assured; he was already beginning to see the paths.

Millennia seemed to have passed, and his soul, still young, began to experience relief. A hidden sound traversed his hearing and took away his peace, since he heard a flicker of superior beings. His mind did not leave the same place, calculating a portal that would bring him closer. Unaware that innocence incited pain, he attempted telepathic contact.

                                                                      — Continues —

Share:

Add comment: